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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Delegado morto em assalto desarticulou quadrilha de roubo de carro



Eduardo Rafael Santana Lima, 35 anos, passou a atuar na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV), em Salvador


Há quatro meses, o delegado Eduardo Rafael Santana Lima, 35 anos, passou a atuar na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV), em Salvador.
Na noite de quarta-feira, ao chegar no prédio em que morava, no Barbalho, Eduardo se tornou uma vítima do tipo de crime que investigava. Pior: morreu depois que, de acordo com as investigações, reagiu ao assalto e foi baleado.
Dois tiros atingiram a região abdominal, um o tórax e uma bala acertou sua coxa direita. O delegado chegou a ser levado por PMs para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde passou por cirurgia para retirada do baço e um dos rins, mas morreu na manhã de ontem. O corpo de Eduardo será sepultado hoje, às 9h, no cemitério Jardim da Saudade.
Crime  Eram 23 horas quando Eduardo Rafael Lima voltou da academia de ginástica e abriu o portão da garagem do Edifício Compostela, na rua Engenheiro João Pimenta Bastos. No seu apartamento, a mulher e o filho dormiam.
De acordo com vizinhos e a polícia, depois que entrou na garagem, o delegado foi abordado por dois criminosos que chegaram a pé. Eduardo teria reagido e tomado o revólver calibre 38 de um dos bandidos. No embate com os assaltantes, ele acabou sendo atingido.

Os criminosos fugiram levando o carro do delegado, um Gol branco de placa NZX-8789, além de documentos e duas armas do policial. O veículo foi encontrado na manhã de ontem, na Boca do Rio, com um abará no teto. O carro já passou por perícia.
O delegado geral da Polícia Civil, Hélio Jorge Paixão, informou que os investigadores trabalham com a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte), já que os suspeitos fugiram deixando para trás o delegado vivo.
No prédio em que Eduardo morava, vizinhos disseram ter passado por momentos de pânico. “Tinha terminado um jogo na TV e percebi o portão da garagem ser aberto. Eduardo entrou na garagem. Depois, só ouvi os tiros. Pelo que dava pra ouvir, ele lutou com os ladrões”, contou uma vizinha, pedindo anonimato.
Segundo ela, Eduardo ainda deixou a garagem baleado, com a mão na barriga, e atravessou a rua para pedir socorro. “Acabou caindo na calçada. Ele ainda estava lúcido e repetia que tinham levado os documentos”, contou.
Outra moradora do prédio afirmou ter visto um dos criminosos deixar o local tentando disfarçar. “Um deles saiu com uma camisa quadriculada cobrindo o rosto pra ninguém identificar”, relatou.
“A gente olha a rua quando chega alguém porque já aconteceram outros assaltos aqui no prédio, mas nunca foi assim. Há seis meses, um sobrinho meu foi rendido por bandidos e trancado num quartinho da garagem, às 6h30. Os ladrões levaram o carro”, comentou a mesma moradora.
Na garagem onde ocorreu o crime, a polícia encontrou o revólver calibre 38 usado pelos criminosos na abordagem, além de cinco balas disparadas e uma intacta.
Uma amiga da vítima, que também pediu para não ser identificada, ajudou a dar os primeiros socorros. “Ele é meu amigo. Estudo Enfermagem e corri pra ajudar a estancar o sangue”, relembrou.
Nesta quinta (8) pela manhã, no HGE, antes de a morte de Eduardo ser confirmada, parentes, amigos e colegas do delegado fizeram vigília. O representante comercial André Vinícius, 31, sobrinho da vítima, resumiu como via Eduardo. “Ele era o melhor cara do mundo”, disse.
Eduardo deixou uma filha de 6 anos, fruto de seu primeiro casamento com uma delegada de Ilhéus, e um enteado de 3 anos, filho de sua atual mulher, Maynara Fernandes. Pela manhã, ela esteve na DRFRV para conversar com o delegado Nilton Borba, titular da unidade onde o marido estava lotado.
Além das equipes da DRFRV, o delegado geral Hélio Jorge Paixão determinou que investigadores e delegados do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) também se integrem na busca pelos criminosos.
Investigadores do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba, também estiveram no prédio onde a vítima morava para acompanhar as investigações, coordenadas pelos delegados Nilton Borba (titular da DRFRV) e Cleandro Pimenta (titular do DCCP). Até o fechamento desta edição, às 22h, ninguém havia sido preso.

Carro roubado do delegado foi encontrado pela polícia na Boca do Rio
Colegas 
Prima da vítima, a delegada Ana Francisca, plantonista da 4ª Delegacia (São Caetano), entrou em desespero no HGE ao saber da morte. “Ele era uma pessoa maravilhosa, excelente profissional. Não merecia isso, meu Deus!”, desabafou, amparada por outros colegas.
Quem também não conseguiu esconder a dor foi o delegado Adailton Adan, titular da 22ª DT (Simões Filho). Ele conheceu Eduardo Rafael há sete anos, trabalhando em Ilhéus. “Ele se tornou um irmão. Era um profissional muito competente, comprometido com a causa policial. Trabalhamos juntos na 11ª Delegacia (Tancredo Neves). Era muito comunicativo, brincalhão, querido por todos”, afirmou. Adan e Eduardo se falavam com frequência.
O delegado geral Hélio Jorge também lamentou a perda. “Estamos solidários à família de Eduardo, que neste momento sofre conosco a perda de um ente querido e profissional exemplar”, disse.
“A Polícia Civil da Bahia está muito triste hoje, mas mantém a cabeça erguida na busca da identificação e prisão dos autores”, completou.
Vitimou em operações de destaque
Apaixonado por animais silvestres e amante de video games, o delegado Eduardo Rafael Lima entrou na Polícia Civil há oito anos. Ele passou pela Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos em 2008 e voltou em julho deste ano.
“Ele era bom profissional e muito educado, não levantava a voz para ninguém. Por isso veio pra cá, uma delegacia especializada. Com a gente, participou de quase todas as últimas operações importantes”, comenta o delegado titular da unidade, Nilton Borba.
Ele destaca a atuação de Eduardo na Operação Babuíno, que desarticulou uma quadrilha na região do CIA há cerca de três meses, e na Operação  Leoa, que prendeu um grupo especializado em roubo, furto e receptação de veículos, com ramificações em Salvador, Feira de Santana e Juazeiro, além de Pernambuco e Sergipe.
Em 2004, Eduardo foi titular em Coaraçi, no Sul do estado. Depois, foi plantonista na Delegacia de Furtos e Roubos de Ilhéus, também na região Sul. Em 2007, passou a trabalhar em Salvador, onde atuou nas delegacias de São Caetano, Pituba e Tancredo Neves.
Camaçari: delegado foi morto enquanto dava entrevista
“Peraí, peraí!”. O pedido do delegado Clayton Leão Chaves foi interrompido por tiros que atingiram a sua cabeça, na manhã de 26 de maio de 2010. O então titular da 18ª Delegacia (Camaçari)  foi morto enquanto concedia entrevista por telefone, ao vivo, a uma rádio local.
Clayton, que havia chefiado a Coordenadoria de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil, estava com a mulher, parado no acostamento da Estrada das Cascalheiras, quando foi abordado por um trio. O caso mobilizou a polícia baiana.
Cerca de 300 policiais - entre civis, militares e federais - se deslocaram para a região. Horas depois, dois suspeitos foram presos. Com Edson dos Santos e Rinaldo Valença de Lima foram apreendidas duas armas. Magno de Menezes foi preso no dia seguinte. Nas investigações, a perícia mostrou que a arma utilizada no assassinato foi um 357 que estava enterrado no quintal da casa de Edson.
Rinaldo Valença de Lima foi quem disparou. Antes de abordar o delegado, o trio roubou um Corsa Classic, que depois foi queimado. Os três foram denunciados por latrocínio (roubo seguido de morte), mas Rinaldo foi morto pela polícia em 2011, após fugir.

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Editado por - Grupo Bizolhudo