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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Policiais civis do RJ estão comprando comida para presos com dinheiro do próprio bolso

Policiais civis do RJ estão comprando comida para presos com dinheiro do próprio bolso

Segundo os servidores, o governo parou de recarregar os cartões para a compra de alimentos em fevereiro. Com isso, detidos que aguardam transferência, se alimentam através de doações de familiares ou de comida comprada pelos policiais.

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Sem recursos, Polícia Civil do RJ já sente os efeitos da falta de dinheiro (Crédito: Wikipedia)
Sem recursos, Polícia Civil do RJ já sente os efeitos da falta de dinheiro
Crédito: Wikipedia
Por André Coelho
O aperto nos cintos do governo do estado está fazendo com que os policiais civis paguem a alimentação de presos com dinheiro do próprio bolso. Com a falta de recursos para a Segurança, o governo interrompeu, há pelo menos três meses, o repasse de dinheiro para a compra de alimentos para pessoas detidas em delegacias distritais.
De acordo com policiais civis, os vales-refeição utilizados para comprar comida a presos não recebem recargas desde fevereiro. A reportagem da CBN encontrou unidades das regiões Sul, Serrana e Noroeste do estado sem recursos, mas, segundo servidores, o problema atinge quase todos os municípios. De acordo com os relatos, as unidades que realizam poucas prisões, tentam administrar o saldo que sobrou nos cartões, criados há cerca de dois anos.
Mas em algumas delegacias, não há um centavo para a aquisição de alimentos para maiores e menores de idade detidos. Muitos chegam a passar cerca de 24 horas nas celas, aguardando transferência para unidades prisionais. Com isso, ele se alimentam através de doações de familiares ou feitas pelos próprios agentes. Um policial relatou que está com dívidas por comprar comida para presos.
'O meu saldo hoje é em torno de seis reais. E com seis reais a única coisa que eu compro de alimentação pra preso é café e pão com manteiga. Eu já estou devendo em torno de 120 reais. Não tem condições. Eu tô pegando fiado no meu nome porque para a delegacia eles não fiam nada, só fiam para pessoas. Então esses R$120 sou eu quem tem que pagar. Lógico que eu espero receber esse dinheiro do estado', cobra.
Os servidores afirmam que algumas unidades chegavam a receber R$ 8 mil por mês para a compra de alimentos. Segundo eles, os valores variam de acordo com o número de presos. Os agentes dizem que, mesmo sem o dinheiro, os policiais são responsáveis pela alimentação dos detentos.
O presidente da Coligação dos Policiais Civis, Fábio Neira, disse que a interrupção da recarga dos cartões é um dos principais problemas enfrentados pela corporação. Para ele, a Polícia Civil está a ponto de não conseguir mais nem realizar prisões.
'Ou ele tira do próprio bolso, em vaquinha, ou ele consegue localizar a família e aí suprir essa deficiência. Mas nós estamos a um passo de não poder prendermos mais. Nós estamos vivendo os piores momentos. Nos meus 30 anos de polícia, já passei por diversos problemas em vários governos, mas igual a esse eu nunca vi. Nós estamos nos superando', desabafa.
O chefe da Polícia Civil Fernando Veloso reconheceu que as famílias estão doando alimentos para os presos e que a corporação tem outras prioridades.
'Nós temos policiais comprometidos, que têm a responsabilidade da integridade do preso na mão deles. Eles acabam encontrando soluções. Em muitos casos, familiares estão encontrando alternativas para trazer a alimentação. Nós não temos recurso à nossa disposição. A Polícia Civil não tem autonomia financeira', justifica.
CBN procurou a Secretaria de Segurança e a Polícia Civil, mas elas não souberam precisar quanto o governo gasta com esses cartões. A Secretaria estadual de Fazenda disse que pretende normalizar os repasses para a compra de alimentos para os detentos o mais rápido possível, de acordo com a disponibilidade de recursos. A secretaria disse, ainda, que a prioridade é o pagamento dos salários dos servidores.
Com o colapso nas contas públicas, as delegacias também convivem com a falta de material como papel e tinta para impressoras, além do racionamento de combustível.

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Editado por - Grupo Bizolhudo